Desde o início da pandemia, criei o hábito de tomar banho com a luz do banheiro apagada e música ligada, especialmente naqueles dias de mais esgotamento mental. A coisa foi ficando tão séria que cheguei até a criar uma playlist específica para esse momento.
Que música faz bem para o corpo e a alma, acho que todo mundo já sabe e o que não faltam são estudos sérios sobre o tema. Para mencionar pelo menos um, cito o trabalho de pesquisadores da Texas Tech University que mostrou que escutar música durante um teste de estresse cardíaco aumentou em pelo menos um minuto a resistência ao exercício físico, em relação àqueles que não ouviam nada.
Os benefícios são incontáveis e vão do aumento do desempenho cognitivo à redução de quadros depressivos, passando por diminuição do consumo de calorias durante uma refeição, tratamento à insônia, melhora na capacidade para lidar com situações de pressão e mais um monte de outras coisas que só caberiam ser ditas na letra de “Faroeste Caboclo”
A reflexão que trago aqui é sobre a incrível capacidade que a música tem de nos deslocar mentalmente de um estado de espírito para outro de forma imediata. Sabe quando alguém faz cosquinha em uma criança que está chorando e as lágrimas dão lugar ao riso? É mais ou menos isso que uma música ouvida com sentidos aguçados proporciona.
No geral, costumamos associar o ato de escutar música a uma outra atividade paralela, seja para treinar, fazer faxina, ler, pegar estrada… Ela quase sempre é pano de fundo na nossa rotina, ainda mais nos dias de hoje, em que normalizamos as multitarefas e romantizamos o indivíduo capaz de fazer mil coisas ao mesmo tempo.
A minha proposta é que você faça o exercício de ouvir música como a atividade primária, pelo menos uma vez por dia. Sem celular, sem gente ao seu lado, sem peso para levantar, sem trabalho para fazer. Concentre-se na melodia, na batida, na poesia e sinta o prazer de desbravar o espaço-tempo que seus devaneios livres lhe entregarem.
O meio de transporte mais eficiente do mundo é a música. Nada é capaz de te levar para outros lugares com tanta eficiência quanto o som certo, na hora certa.
Se você é uma dessas pessoas que admira o slow living, mas não consegue colocar em prática, talvez uma dica valiosa seja começar pela música, mas somente ela. Se permita deixar que a música seja a protagonista por alguns minutos da sua rotina e aproveite a viagem emocional para um lugar, certamente, melhor do que aquele que você estava antes de dar o play.
Ah… e caso tenha interesse na sequência para banho mencionada no começo do texto, compartilho abaixo o link: Playlist “De Alma Lavada”
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Autor: Leonardo Penna, Publicitário formado pelo UniBH e pianista amador
Referências: